O escritório de arquitetura MVRDV inaugurou, em 2018, o “The Imprint”, um novo centro cultural composto por dois edifícios nas proximidades do Aeroporto Internacional Incheon, na cidade de Seul, Coreia. O primeiro edifício abriga uma discoteca, enquanto que o segundo dá lugar a um parque temático coberto. Ambas estruturas, sem nenhuma janela, apresentam três elementos ímpares: reproduções das fachadas vizinhas em suas próprias fachadas, acessos suspensos, além de uma mancha dourada que cobre praticamente toda a esquina de acesso do edifício que abriga a casa noturna.
O The Imprint faz parte de um complexo ainda maior, chamado de Paradise City. Esse conjunto conta com seis estruturas independentes, fornecendo um conjunto completo de entretenimento e atrações, além de um hotel, tudo isso a menos de 1 km do maior aeroporto do país.
“Este projeto nos fez refletir sobre algo que nunca havíamos pensado antes: seria possível projetar um edifício sem janelas que ainda assim estivesse integrado ao seu entorno?”, questionou um dos arquitetos responsáveis, Winy Maas.
Isso foi possível através de uma estratégia bastante simples: projetando as fachadas dos edifícios circundantes em nossa própria fachada, um grande painel que comunica através de seus volumes simples, a imagem dos seus edifícios vizinhos impressas em baixo relevo.
“Ao transportar, por assim dizer, as fachadas dos edifícios circundantes para os nossos próprios volumes arquitetônicos e também para a praça central, conectamos o The Imprint com o seu entorno”, diz Winy Maas. “Através desta estratégia procuramos construir algo coerente. Diferentemente de Las Vegas, a Paradise City não é uma coleção de objetos individuais, mas uma cidade real como todas as outras”.
“Para que a imagem dos edifícios circundantes pudesse ser adequadamente ‘impressa’ em nossas fachadas, revestimos o edifício com uma série de painéis de concreto reforçado com fibra de vidro. Como a maioria dos 3.869 painéis são únicos, a construção exigiu que cada um deles fosse produzido individualmente segundo dados paramétricos dos arquivos de modelagem 3D criados pelo MVRDV durante a fase de projeto. Uma vez instalados, esses painéis foram pintados de branco para enfatizar o baixo relevo destas ‘impressões’”.
“Aqui eles estavam procurando exatamente isso – que o entretenimento se tornasse arte e que o edifício fosse ser um objeto artístico também. Onde está o limite que entre arte e arquitetura? O projeto explora exatamente estes conceitos e a abstração é parte deste jogo, e ainda assim ele nos surpreende, nos seduz e nos acalma”, explica Winy Maas.
A mancha dourada que cobre boa parte da fachada do edifício em frente à praça é, sem dúvida, o elemento mais expressivo e chamativo do projeto, atraindo os visitantes ou os transeuntes que se deslocam para o aeroporto de Incheon. A tonalidade de ouro foi obtida simplesmente com o uso de tinta dourada sobre a fachada de painéis, a qual é especialmente iluminada à noite. Os visitantes que desembarcam em Incheon à noite são recebidos por um atípico raio de luz vindo da cidade.
“Para criar os acessos, levantamos as fachadas como se fossem cortinas que então revelam entradas espelhadas e pisos tecnológicos, exaltando uma sensação de excitação sobre o que acontece lá dentro. A reflexão e a teatralidade são, portanto, combinadas”, conclui Maas.
Fotos: MVRDV
Texto: Arch Daily/ Traduzido por Vinicius Libardoni