Para comemorar seus 4 anos, a DESIGN.COM planejou um grande evento de lançamento da edição comemorativa no Theatro da Paz. Nessa mesma noite foi anunciada a exposição “Afetos Múltiplos”, que ficará aberta ao público de 3 a 31 de dezembro nas galerias Benedito Nunes e Theodoro Braga, com entrada franca. A exposição é um recorte do acervo do colecionador de arte paraense Eduardo Vasconcelos e a revista convidou Vânia Leal para fazer a curadoria. Com sua expertise, Vânia já participou de vários júris de seleção e premiação pelo país e vem desenvolvendo um significativo trabalho na área de curadoria e pesquisa em Artes.
Texto e fotos: Luiz Cláudio Fernandes.
Vestido: Mahalo.
Make: Lana Make.
A Vida de Vânia é permeada por constantes desafios em reunir, selecionar, estar à frente de exposições como, por exemplo, o 9º Salão de Arte Contemporânea SESC Amapá e, mais recentemente, a Exposição da Coleção Guajará, no Museu de Artes Plásticas de Anápolis (MAPA). “Reunir 24 artistas paraenses para compor essa mostra e, ao mesmo tempo, promover a circulação e doação das obras destes para o MAPA em pleno contexto de pandemia, foi um momento especial nessa jornada”, conta.
Ela participou do Projeto Rumos Itaú Cultural em quatro edições. Desta experiência destaca o convívio com curadores e a viagem pela região Norte mapeando artistas para que a região estivesse representada. “Estar no Rumos Itaú me fortaleceu na experiência de selecionar projetos no âmbito nacional. Deparei-me com agendas que estavam num processo de invisibilidade e analisá-las com um olhar interseccional mostrou-me pontos necessários que vão para além de um olhar simplista”, diz.
Outro ponto que Vânia destaca nesse conceituado projeto foi a necessidade de se pensar outros saberes num contexto brasileiro, como por exemplo os saberes das mulheres de terreiro, das encarceradas, do movimento de lutas de toda ordem (irmandades negras, movimentos sociais, mulher no circo, ressignificações das identidades, sejam elas de raça, gênero ou de classe e outras agendas referentes a racismo estrutural, branquitude, lesbiandades, povos indígenas, empoderamento, entre outros).
Essa experiência a fortaleceu em suas pesquisas em arte e cultura e principalmente nos seus projetos curatoriais, que significativamente são permeados pela curadoria ativista no sentido de contribuir para a disseminação das produções culturais e artísticas nessas perspectivas.
A curadora ressalta ainda o Arte Pará, do qual faz parte desde 2007. “O aprendizado é dinâmico, com atravessamentos de pesquisas em Arte, processos educativos, troca relacional com artistas do Brasil, com aparelhos expositivos, com estudantes”, diz. “Paulo Herkenhoff é o meu grande orientador e mestre nos caminhos curatoriais. A convivência com ele é uma escola fluída que sempre nos leva a estudar num contínuo a cada edição”, destaca. Ela diz viver também diferentes experiências junto a Roberta Maiorana, curadora e diretora executiva da Fundação Rômulo Maiorana.
“São muitas histórias que se constituem nesse processo intenso de experiências em projetos de arte. Fazer parte como curadora da comemoração dos quatro anos da DESIGN.COM é, para mim, um momento de celebração. Adentrar na Coleção de Eduardo Vasconcelos é desafiador e, ao mesmo tempo, uma imersão na história da arte dos artistas paraenses. Sem dúvida, um momento de comunhão e articulação de Arte e Vida”.
Vânia Leal
EXPOSIÇÃO AFETOS MÚLTIPLOS
Para a exposição, Vânia Leal selecionou 40 obras do professor e administrador Eduardo Vasconcelos, que coleciona arte contemporânea desde 2011 e tem um acervo de cerca de 500 obras entre pinturas, fotografias, objetos, esculturas e desenhos. Alguns dos nomes são Berna Reale, Elieni Tenório, Dina de Oliveira, PP Conduru, Walda Marques, Nina Matos, Drika Chagas, Emanuel Franco, Jocatos, Guy Veloso, Elza Lima, Paula Sampaio, Danielle Fonseca, Evna Moura, Zoca, Armando Sobral, Rosângela Britto, Alexandre Sequeira, Jorge Eiró, Luciano Oliveira, Elaine Arruda, Flavya Mutran, Valdir Sarubbi, Miguel Chikaoka, Igor Felipe, Osmar Pinheiro, Christina Machado, Mistral, Antar Rohit, Sérgio Neiva, Simões, Erinaldo Cirino, Luiz Braga, Marinaldo Santos, Geraldo Teixeira, Emmanuel Nassar, Petchó, João Pinto, Ruy Meira, Alberto Nicolau, Elisa Arruda, Flávio de Carvalho, Antônio Vitor, Becheroni e Pedro Cunha.
Eduardo conta que, quando adquiriu sua primeira obra, não planejou montar uma coleção.
“A coleção foi acontecendo naturalmente. O momento da aquisição da primeira obra sempre é decisivo por questões de valor e outros aspectos. Mas depois vem a segunda, a terceira, e assim vai”, diz. Segundo ele, a proximidade com galerias como Elf Galeria e Kamara Kó e com os artistas, além das visitas em exposições e museus de vários países e o do Brasil acabaram estimulando mais ainda.
Hoje Eduardo faz parte de um grupo de colecionadores brasileiros. A aproximação com o grupo surgiu a partir de um convite de Nei Vargas, que realiza pesquisas sobre colecionismo no país. “O colecionismo de arte no Pará ainda é muito restrito. As pessoas têm receio de iniciar uma coleção por achar que é oneroso e limitado a alguém de alto poder aquisitivo, quando não necessariamente é dessa forma”, avalia Eduardo.
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SERVIÇO
Exposição “Afetos Múltiplos”, com curadoria de Vânia Leal, de 3 a 31 de dezembro, nas galerias Benedito Nunes e Theodoro Braga, na Fundação Cultural do Pará, de segunda a sexta, das 10h às 18h. Os visitantes podem contar com o auxílio de mediadores, alunos de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (Unifamaz). O evento de lançamento da exposição será no dia 3 de dezembro, às 19h30.