Uma programação especial para celebrar o ecossistema dos mangues será realizada na próxima terça-feira (26), a partir das 17h, no Solar da Beira, em Belém, em alusão ao Dia Mundial de Proteção dos Manguezais. A atividade integra a campanha “Julho Verde” e busca alertar para a importância da conservação destas áreas, que estão vulneráveis a ameaças como desmatamento e poluição, provocando queda na qualidade de vida de comunidades costeiras e diminuição de recursos naturais, dentre outros impactos socioambientais.
No Pará, estima-se que 18 mil pessoas atuam como extrativistas nas áreas costeiras, sendo por isso também protetoras dos mangues por conta de suas práticas de extração do pescado e do marisco de forma sustentável. A campanha é realizada pelas 12 Associações de Usuários das Reservas Extrativistas do Pará, com articulação da ONG Rare, Comissão Nacional para o Fortalecimento das Reservas Extrativistas Marinhas e dos Povos Costeiros e Marinhos (CONFREM), Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A ação na capital paraense conta com apoio da Prefeitura de Belém.
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Para iniciar a comemoração, uma roda de conversa será realizada sobre “A importância dos manguezais amazônicos”, com Willian Fernandes, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha (CEPNOR – ICMBio); “Os trabalhos dos povos da maré e a manutenção do ecossistema”, com Patrick Passos, da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará (Sedap); e o “Impacto das atividades humanas nos manguezais amazônicos e engajamento social”, com a oceanógrafa Raqueline Monteiro.
Logo após, às 18h, no “Cine Mangue”, haverá exibição das webséries “Mães do Mangue” e “Pesca para sempre – Manguezais e mudanças Climáticas”, e dos curtas metragens de animação “Manguezita e Júlia” e “Manguezais e mudanças climáticas”, com posterior debate entre os participantes. Em seguida, Sandra Regina Gonçalves, liderança da Resex Mãe Grande do Curuçá, fará a leitura do Manifesto do Maretório – documento elaborado de forma coletiva por lideranças do litoral paraense com texto que reafirma o compromisso dos povos das áreas costeiras na proteção do mangue.
E para encerrar, o artista Kauê Bentes fará projeção audiovisual conhecida como videomapping no Solar da Beira. A prática artística ilumina prédios públicos e destaca a arquitetura do espaço. O grupo Iaçá de carimbó vai tocar os clássicos do ritmo paraense para o público dançar e o Toró Gastronomia Sustentável vai ofertar o caldo de turu – uma iguaria retirada dos troncos das árvores dos manguezais.
“Julho Verde” mobiliza comunidades
Renilde Piedade, líder comunitária da Reserva Extrativista Marinha Mocapajuba, localizada em São Caetano de Odivelas, relata que é o segundo ano que a comunidade participa da campanha e ela já conta os benefícios. “Fizemos ações como a instalação de placas indicando que somos uma Unidade de Conservação, demos início ao cadastro das famílias e da criação da rede de mulheres das Resex, abrimos diálogo com a prefeitura. Isso também é cuidar do mangue e nos fortaleceu. Eu moro e vivo dentro da Resex”, comenta.
A gerente de campanhas da Rare, Bruna Martins, destaca que o “Julho Verde” tem promovido ações para cuidado, defesa e proteção dos manguezais junto às bases comunitárias dos mangues localizados no Pará. Antes da celebração em Belém, foram realizadas atividades nas Resex do estado ao longo deste mês. “O objetivo é que as comunidades sejam também responsáveis por capilarizar novas ações, atuando com as guardiãs e guardiões do maretório”, diz Bruna.
Os mangues e a proteção da vida
O manguezal é um ecossistema importante no combate às mudanças climáticas por equilibrar a emissão de gases do efeito estufa. De acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), os manguezais atuam na redução do CO2 responsável pelo aquecimento global, pois o solo desses ecossistemas armazena até cinco vezes mais este gás do que as florestas tropicais, contribuindo significativamente para a regulação do clima no planeta.
Os mangues são também áreas com rica biodiversidade, sendo considerados berços da vida marinha, onde várias espécies de peixes, aves e mamíferos se reproduzem, e servem como proteção às costas litorâneas contra tempestades, tsunamis e aumento do nível do mar.
“O manguezal é vida. Ele desempenha várias funções importantes para a vida humana e não humana. As comunidades costumam dizer que o mangue é o supermercado, a farmácia, é lazer”, comenta Bruna Martins. “É um ecossistema que bem conservado e manejado garante sustento e qualidade de vida para as futuras gerações”, completa.
Programação
17h – Palestra e roda de Conversa
17h – 17:15h – “A importância dos manguezais amazônicos”, com Willian Fernandes, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha (CEPNOR – ICMBio)
17:15h – 17:30h – “Os trabalho dos povos da maré e a manutenção do ecossistema”, com Patrick Passos, da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap)
17:30h – 17:45 – “Impacto das atividades humanas nos manguezais amazônicos e engajamento social”, com Raqueline Monteiro
17:45h – 18h: Perguntas e Respostas18h – Cine Mangue
Exibição das webséries “Mães do Mangue” e “Pesca para sempre – Manguezais e mudanças Climáticas e dos curtas metragens de animação “Manguezita e Júlia” e “Manguezais e mudanças climáticas” + debate
18h30 – Manifesto do Maretório
Leitura do Manifesto com Sandra Regina
19h às 21h – Atrações culturais
Videomapping com Kauê Bentes
Grupo Iaçá de carimbó
Caldo de Turu do Toró Gastronomia Sustentável