O Centro Cultural Bienal das Amazônias (CCBA), inaugurado no último final de semana, abre ao público nesta quarta-feira (15) com as exposição “RGB: as cores do século”, que celebra o centenário do renomado artista venezuelano Carlos Cruz-Diez, e a instalação fotográfica “Para que não se acabe: catar memórias”, da fotógrafa Paula Sampaio, que percorre os principais sítios históricos de Belém localizados no bairro da Cidade Velha, atravessando o Complexo do Ver-o-Peso e os bairros da Campina/Comércio.
O CCBA é um espaço permanente de cultura e arte localizado no centro de Belém, no prédio onde funcionou uma loja de departamentos conhecida por todo paraense. Nele aconteceu a primeira edição da Bienal das Amazônias e, ano que vem, abrigará a segunda edição. No espaço também ocorrerão residências artísticas. As visitas serão às quartas e quintas-feiras, de 9h às 17h; às sextas e sábados, de 10h às 20h; e aos domingos e feriados, de 10h às 15h.
O CCBA é uma realização da Bienal das Amazônias e do Ministério da Cultura por meio da Lei de incentivo à Cultura. O espaço de quatro andares e mais de oito mil metros quadrados abre ao público com a proposta de mostrar a diversidade do universo das artes visuais da Pan-Amazônia e da Amazônia Legal. Ele abriga um café, uma loja e uma biblioteca para consulta pública. O prédio foi todo adaptado para garantir a acessibilidade, com elevadores, rampas, escadas rolantes, sinalizações, banheiros adaptados e um sistema de sonorização de emergência.
“Aqui nesse prédio nós realizamos a primeira edição da Bienal das Amazônias, com trabalhos de 123 artistas de todos os Estados amazônicos, com o intuito de fortalecer o território a partir das artes”, diz a presidente da Bienal das Amazônias e do CCBA, Livia Conduru. A Bienal das Amazônias teve sua primeira edição em Belém entre agosto e novembro de 2023, com o tema “Bubuia: águas como fonte de imaginações e desejos”, e reuniu artistas e coletivos de oito países da Pan-Amazônia, além da Guiana Francesa. “Com o apoio da Shell, esse prédio agora será mantido como centro cultural, com várias atividades para a comunidade em torno de projetos de arte-educação”, explica Lívia Condurú.
CCBA abriu com programação intensa
Assista no vídeo como foi a programação intensa de abertura do CCBA envolvendo o vernissage na quinta-feira (9), a coletiva de imprensa`e a festa no dia seguinte e a experiência do almoço na ilha do Combu no sábado (11):
CCBA abre com exposição do Centenário de Cruz Diez
A exposição “RGB: as cores do século” celebra o centenário do renomado artista venezuelano Carlos Cruz-Diez. É a primeira exposição individual de Cruz-Diez no Norte do Brasil. A última realizada no país, “Cruz-Diez, a liberdade da cor”, foi em 2019, no Centro Cultural Porto Seguro, em São Paulo.
Conhecido por suas obras inovadoras, Cruz-Diez oferece aos espectadores, em “RGB”, uma experiência cromática única. A mostra busca observar a importância das raízes venezuelanas na produção do artista. A concepção da mostracuradoria é de Michel Gauthier, do Centre Pompidou, museu de arte moderna da França, junto do próprio artista.
Pintor e escultor, Carlos Cruz-Diez nasceu em 1923. Estudou na Escola de Belas-Artes de Caracas, formando-se também professor. Em 1962, expôs na XXXI Bienal de Veneza, retornando em 1970 e em 1986, quando foi convidado especial. O artista passou boa parte da vida em Paris e morreu na capital francesa, em 27 de julho de 2019, aos 96 anos.
“RGB” reitera a relação muito próxima estabelecida entre Cruz Diez e os meios digitais, não à toa o título refere-se ao sistema de cores aditivo que parte do vermelho, azul e verde (também as cores das obras que compõem a mostra) para reprodução de várias outras cores em dispositivos eletrônicos.
A mostra não conta com transportes de obra e empréstimos, mas sim com a refação de trabalhos in-loco a partir das instruções do artista. “Essa forma de fazer, ao meu ver, reitera a ‘programação sistemática’ empreendida por Cruz-Diez em sua obra, além de valorizar a mão de obra e especificidades locais. A exposição nos oferece vídeos em que o artista fala de suas investigações cromáticas, obras de parede onde podemos verificá-las e instalações imersivas onde podemos realmente experienciá-las, desfrutando da cor a partir de todo o corpo. Cruz-Diez defendia que, na sua obra, a construção de significado se dava a partir do encontro com o espectador. Assim, acho que essa exposição é um convite pra que as pessoas se aproximem da obra desse grande pensador e construam suas próprias experiências cromáticas a partir de suas proposições”, explica a coordenadora de pesquisa Ana Clara Simões Lopes.
Memórias na instalação fotográfica de Paula Sampaio
A instalação fotográfica “Para que não se acabe: catar memórias”, da fotógrafa Paula Sampaio, percorre os principais sítios históricos de Belém localizados no bairro da Cidade Velha, atravessando o Complexo do Ver-o-Peso e os bairros da Campina/Comércio. Vania Leal, curadora da instalação, diz que a mostra provoca uma imersão no universo cotidiano desses bairros, para criar sentidos por meio dos registros da câmera.
Mineira, Paula Sampaio se mudou ainda menina para a Amazônia. Em 1982 escolheu Belém para viver e trabalhar. Começou a fotografar profissionalmente em 1987 e optou pelo fotojornalismo. É graduada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Pará (UFPA), especialista em Comunicação e Semiótica pela PUC de Minas Gerais e em Ciências Humanas pela PUC Rio Grande do Sul.
Desde 1990 realiza projetos e ensaios de fotografia sobre os processos de migração e colonização na Amazônia. Em seu percurso também recolhe sonhos e histórias de vida das pessoas com as quais se encontra nesses caminhos.
Serviço
Exposições do CCBA. Horários de visitação:
Quarta e quinta – 9 às 17 horas;
Sexta e sábado – 10 às 20 horas;
Domingos e feriados – 10 às 15 horas.
Endereço: Rua Manoel Barata, 400, entre as travessas Campos Sales e Frutuoso Guimarães, bairro da Campina.