A Bienal de São Paulo abriu nesta terça-feira (2) a sua mostra itinerante no Museu de Arte de Belém (MABE), em Belém do Pará. Com uma seleção especialmente adaptada para a capital paraense, a exposição especial da 35ª Bienal de São Paulo – “Coreografias do Impossível”, que obteve sucesso tanto de público quanto de crítica em 2023, inaugurou com a presença de autoridades e da imprensa. Esta montagem em Belém é fruto de uma parceria com a Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), e conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale.
“A Bienal é uma exposição muito grande, são mais de 30 mil metros quadrados em São Paulo. Então, quando a gente viaja com as itinerâncias, tentamos compor núcleos da exposição que por si só consigam estabelecer diálogos com a sociedade local. O núcleo de Belém traz artistas de origem indígena e afrodiaspórica, mas indígena principalmente. Não só indígenas brasileiros, mas também da América Central e fora do Brasil”, explica Antônio Lessa, superintendente executivo da Bienal, destacando ainda que o objetivo ao expor a arte é provocar a discussão e debate com artistas que têm uma conexão direta com o povo, com a sociedade local, o que nem sempre é simples.
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A exposição fica aberta em Belém até o dia 26 de maio, com obras de Deborah Anzinger, Edgar Calel, Gabriel Gentil Tukano, MAHKU, e Nikau Hindin. “Acho que a exposição ficou linda e na medida. Não é uma exposição enorme, porque nós ocupamos um único prédio, mas é uma expansão potente que todo mundo vai gostar”, avalia Lessa.
“O Pará é um estado muito grande e, trazer uma itinerante para Belém, é dar a oportunidade da audiência do Pará ter contato com a discussão que foi feita em São Paulo e no mundo, e também não só trazer para região, mas também viver a região e as experiências locais. Essa troca faz parte da experiência da Bienal de São Paulo, aonde a gente traz gente e leva daqui também um pouco do conhecimento dos paraenses e do pessoal de Belém. É uma troca em que todo mundo ganha, uma troca saudável e boa”, diz o superintendente.
Curadoria potente
A 35ª Bienal de São Paulo – Coreografias do Impossível tem a curadoria potente de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, e explora as complexidades e urgências do mundo contemporâneo, abordando transformações sociais, políticas e culturais. A equipe curatorial busca tensionar os espaços entre o possível e o impossível, o visível e o invisível, o real e o imaginário, dando voz a diversas questões e perspectivas de maneira poética. A coreografia, entendida como um conjunto de movimentos centrados no corpo que desafia limites, considera diversas trajetórias e áreas de atuação, criando estratégias para enfrentar desafios institucionais e curatoriais. As coreografias do impossível geram suas próprias relações, tempos e espaços, oferecendo uma experiência marcante aos visitantes.
Biena de São Paulo: itinerância
Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, reforça a importância do Pará no cenário cultural. “O Instituto Cultural Vale vem focando muito a sua atuação de cultura para o estado do Pará, pensando no desenvolvimento da produção local, que a gente vem apoiando. Este ano, estamos com 48 projetos apoiados no estado de um total de 100 projetos na Amazônia. Quase a metade”, destaca.
Barreto ressalta ainda a itinerância de grandes projetos apoiados pelo instituto para o Pará. “Estamos trazendo a Bienal, trouxemos a Deborah Colker, a exposição ‘Brasil Futuro: as Formas da Democracia’, e a exposição ‘Nhe’ ē porã’, que está no Museu Goeldi e que é belíssima. E também estamos levando produções e artes do Pará, do Maranhão, para o eixo Sul e Sudeste”, destaca.
Ao todo, mais de dez cidades recebem recortes da Bienal, pensados para cada uma delas. Belém participa pela segunda vez do programa de mostras itinerantes da Bienal. “A gente entendeu que a primeira vez foi muito bem sucedida, então a Fundação repetiu a itinerância agora e tenho comigo que a gente vai repetir muitas vezes ainda, porque o Pará é um berço de grandes artistas, é um nascedouro de tendências de discussão artística no Norte, e essa conexão também lá de São Paulo é muito importante”, destaca Lessa.
Ações educativas
Nas itinerâncias, a equipe de educação da Fundação Bienal de São Paulo, em conjunto com as instituições parceiras, realiza duas frentes de trabalho que se complementam. São ações de formação com as equipes de mediadores e educadores da cidade, e ações de difusão para o público interessado geral.
“A gente tem uma parceria grande agora com a Secretaria de Educação, trouxemos técnicos do programa educativo de São Paulo. Eles vão fazer uma formação com os professores locais, mas também vão atender escolas e alunos diretamente, são alunos educadores que vão visitar a exposição. Vão receber a visita dos educadores para discutir esses temas tratados na exposição: inclusão, antirracismo, diversidade e decolonialismo”, explica Lessa.
“A gente tenta democratizar a cultura e a arte, colocando sempre a exposição em museus que estejam com as portas abertas. Por isso escolhemos um museu público e não uma instituição privada. O Museu de Arte de Belém foi recentemente reformado, o prédio está lindo e a população da cidade tem que usufruir dele”, finaliza Lessa.
Serviço
35ª Bienal de São Paulo – Coreografias do Impossível – Itinerância
Data: De 3 de abril a 26 maio, com visitação de terça a domingo, das 9h30 às 16h30.
Local: Museu de Arte de Belém (Palácio Antônio Lemos – Praça D. Pedro II, S/N – Cidade Velha).