No dia 14 de março abre para visitação gratuita ao público no Espaço Cultural do Banco da Amazônia, em Belém, uma exposição de arte que promete ficar gravada na memória dos paraenses. A exposição de gravuras “Gravado na Alma” foi contemplada pelo edital de pautas do Banco da Amazônia e é composta por mais de 71 obras de artistas nacionais e internacionais que compõem o acervo da Coleção Eduardo Vasconcelos.
Segundo a curadora, Vânia Leal, a exposição é formada por trabalhos de artistas cujos percursos seguem várias técnicas e poéticas. “São vias que possibilitam encontros entre linhas, texturas, arquiteturas, animais e paisagens. É um espaço para dizer: gravura ao infinito do tempo e no tempo. Como um laboratório vivo em constante construção na coleção de Eduardo Vasconcelos”, explica.
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O professor e colecionador de arte Eduardo Vasconcelos explica que, nos últimos anos, houve uma atenção maior sobre a importância e relevância da gravura no mundo das artes. Segundo ele, desde os primórdios da humanidade, o ato de gravar faz parte da vida do homem, com os arranhões em paredes e pedras, passando pelas incisões em objetos utilitários. Séculos depois, essa ação permanece presente como forma de preservação e de registro de histórias. “O ato de gravar é bastante amplo, sendo modificado conforme cada cultura. Somente com a criação do papel em 105 d.C. é que o processo foi sendo modificado e novas possibilidades surgiram”, esclarece.
Segundo Eduardo, a gravura como se conhece hoje se caracteriza por uma técnica artística na qual há a produção de uma matriz gravada (alto ou baixo relevo) onde é feito o desenho. “A gravura é um processo milenar, artesanal, onde, mesmo havendo uma série de cópias, pode possuir elementos únicos que a tornam mais valorizada, como a intervenção do artista após a impressão ou o número baixo de exemplares”, explica.
Ainda segundo ele, grandes nomes das artes plásticas, como Albrecht Dürer, Rembrandt, Goya, Gustave Doré e Picasso produziram gravuras, bem como artistas brasileiros de renome, como Livio Abramo, Sérvulo Esmeraldo, Flávio de Carvalho, Arthur Luiz Pìza e Tarsila do Amaral. No Pará, a gravura ganha força a partir dos anos 70, com a obra de Valdir Sarubbi, que, junto a nomes de diversas gerações (inclusive posteriores) como Ronaldo Moraes Rego, Osmar Pinheiro, P. P. Conduru, Jocatos, Armando Sobral, Elaine Arruda, Elieni Tenório, Elisa Arruda, Glauce Santos, Jean Ribeiro e Antar Rohit, gravaram seu nome na trajetória da gravura no cenário amazônico.
“Acreditar na produção artística, no quanto ela representa hoje e para gerações futuras, é a força motriz que impulsiona e dinamiza a coleção. Meu afeto pela arte está gravado na alma, assim como as obras de tantos artistas aqui presentes”, destaca Eduardo. “Agradeço ao Banco da Amazônia, que, para além de suas atividades financeiras, exerce papel fundamental no fomento ao cenário artístico e na difusão e apoio à cultura, trazendo ao público obras pertencentes a uma coleção privada”, acrescenta.
Núcleos da exposição
A curadora explica que a exposição possui quatro núcleos curatoriais: “projeções da natureza mutante”, “corpos passagens”, “formas e desejos da gravura” e “arquiteturas e cartografias imaginárias”. “Os trabalhos dos artistas que integram a exposição reiteram aproximações e percursos diferentes, criam vertentes distintas entre choques e junções nos núcleos”, avalia.
Ainda segundo a curadora, cada núcleo reúne uma sequência de trabalhos expressivos. “No núcleo ‘projeções da natureza mutante’, por exemplo, os artistas Valdir Sarubbi, Sebastião Pedrosa e Laura Calhoun trazem nas obras uma natureza mais estilizada com diferentes simbologias. Armando Sobral e Ronaldo Moraes Rego gravam desenhos de folha e casca. Diô Viana emerge com força, incisões que remetem gotas que se dissolvem em outras formas da natureza”, explica.
Lançamento do catálogo e ações educativas
Ao longo da exposição ocorrerão diversas ações educativas como bate papo com artistas e visitas guiadas para estudantes de escolas públicas, a fim de que adolescentes e jovens tenham contato com a arte. Também ocorrerá o lançamento do catálogo, que será distribuído gratuitamente aos visitantes.
A exposição segue aberta de segunda a sexta-feira para visitação gratuita de 14 de março a 5 de maio, no horário das 9h às 17h. Também ficará aberta nos domingos do projeto Circular Campina Cidade Velha. O Espaço Cultural do Banco da Amazônia fica na Avenida Presidente Vargas, 800 – Campina, Belém. “Espero que o grande público venha conhecer parte de toda essa produção e as diversas técnicas existentes, e, assim, cada vez mais se aproximar das artes plásticas”, finaliza Eduardo.
A Coleção Eduardo Vasconcelos
Desde 2021, a coleção Eduardo Vasconcelos vem abrindo as portas do acervo pessoal ao público paraense por meio de iniciativas como esta do Banco da Amazônia, que viabiliza edital para selecionar projetos artísticos relevantes à região amazônica. Neste percurso, o colecionador já realizou três mostras a partir de editais similares de incentivo à arte e cultura, cujas exposições nasceram do diálogo entre a curadoria e Eduardo.
Sempre convidado para participar de encontros, lives e pesquisas sobre arte e colecionismo, o professor e colecionador de arte Eduardo Vasconcelos tem um acervo de mais de 700 obras entre pinturas, esculturas, fotografias, desenhos e objetos. Há um núcleo só de arte paraense. Movido pela lógica de que a arte deve ser compartilhada, ele decidiu abrir a sua reserva técnica às grandes exposições.
“Temos uma infinidade de obras com elevada importância artística e cultural e que são vistas somente em uma esfera bem restrita. O papel do colecionador de arte não deve se restringir ao mero acúmulo das obras. Permitir que essas obras circulem e tenham visibilidade, contribui para a difusão da cultura e do próprio mercado, envolvendo todos os elos dessa cadeia. Há um papel social e político importante nisso tudo, principalmente na construção de novos olhares para a arte”, diz Eduardo.
Exposição de arte “Gravado na Alma” abre no Banco da Amazônia
Serviço: Exposição de gravuras “Gravado na Alma”, com obras da Coleção Eduardo Vasconcelos.
Local: Espaço Cultural do Banco da Amazônia fica na Avenida Presidente Vargas, 800 – Campina, Belém
Data: 14/03 (vernissage) 15/03 a 05/05 (visitação gratuita do público).
Hora: vernissage às 19h; visitação gratuita do público de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.
Mais informações: @bancodamazonia / @colecaoeduardovasconcelos.
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