Antes, shoppings eram sinônimo apenas de compras, mas, de olho no comportamento do consumidor, passaram a receber estabelecimentos menos convencionais, como clinicas médicas, escritórios diversos, escolas e até universidades. Segundo o último levantamento da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), divulgado em maio deste ano, em dezembro de 2017 o tráfego de pessoas nos shoppings do Brasil em busca desse tipo de serviço chegou a 463,26 milhões de pessoas por mês.
O consumidor também tem aumentado a cada ano as compras por e-commerce (comércio virtual ou venda não-presencial), então os shoppings têm se tornado espaços de convivência e conveniência. “Nos estados Unidos, por exemplo, essa percepção está chegando agora, mas nós já temos essa âncora de serviços há mais tempo, fomentamos a oferta de serviços para atender a essa demanda do consumidor”, explica a gerente de marketing de um shopping de Belém. Ela destaca ainda que as compras por internet e nas lojas físicas são complementares.
“O shopping ainda é mais usado como meio de compra, do que a internet, por isso outros serviços estão migrando para esses espaços, mas quem não se adequar a esse novo formato, muito seguramente vai ficar para trás”, analisa a gerente de marketing.
O diretor administrativo e financeiro do Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG), Camilo Contrim, é especialista em planejamento estratégico e financeiro e conta que decidiu implantar a nova sede dessa instituição de ensino em Belém dentro de um shopping ao observar o perfil da demanda de alunos dos cursos de pós-graduação, que vão desde médicos a engenheiros. Ele aponta dois fatores fundamentais para a migração de serviços como os de saúde e educação, por exemplo, para os shoppings: segurança e estacionamento.
“Toda escola tem problema com segurança dos alunos, porque o grande volume de pessoas e de carros atrai criminosos, tanto que são frequentes os problemas de arrombamentos e vidros quebrados em estacionamentos”, argumenta. Além disso, quando tudo se encontra em um único lugar, ocorre o que Contrim chama de sinergia, com a eliminação desses problemas. Para a empresa, uma vantagem extra é que não precisa comprar um prédio para instalar a escola. “É uma parceria que não aconteceria se não houvesse esse duplo beneficio, tanto para o empreendimento, no nosso caso a escola, como para o shopping”, avalia.
Contrim conta que observou bastante os hábitos da demanda de alunos dos cursos de pós-graduação antes de levar a instituição para dentro de um shopping. “É um aluno diferenciado do que está na graduação. Ele tem, por exemplo, um tiquet médico de consumo muito mais elevado e isso é importante para as lojas”, diz.
Já o médico oftalmologista Henrique Rocha, diretor de uma clínica inaugurada também em um shopping, aponta a segurança e a possibilidade de inovação de horários como fatores fundamentais. “O horário de atendimento é estendido, pois muita gente não tem como vir no horário comercial, por não conseguir se ausentar do trabalho”, explica o médico. A clinica dele oferece atendimento aos sábados e caminha para ter atendimentos também aos domingos. “É uma simbiose: para o shopping, aumenta o volume. Para outras lojas, é interessante”, avalia.
Fotos: Luiz Cláudio Fernandes